A safra 2009 de Bordeaux promete

Essa notícia foi dada quando terminaram a vinificação e era aguardada por todos. Mas seria verdade ou marketing, para se vender vinhos? Sem dúvida, quando uma notícia dessa é enviada ao mercado (e confirmada), a procura pelos vinhos aumenta, junto com o consumo e com o preço, é claro.

Mas avaliar vinhos com potencial de guarda, quando estão muito jovens, não é tarefa fácil e requer muita habilidade, conhecimento e treinamento. É o que faz o senhor Robert Parker, que inclusive visita alguns Châteaux na França (e em outros lugares) para provar vinhos que ainda estão nos tanques, ou nas barricas. Em geral, esses vinhos são duros, com taninos muito presentes, aromas fechados (que não se mostram facilmente) e às vezes até com traços de amargor e de excesso de álcool que sairão depois.

E foi também o que fizemos, a convite da Expand, que tem um bom portfólio de vinhos franceses. Fomos provar, lá no Bar des Arts, no Itaim (São Paulo) 5 vinhos representativos da safra. Uma tarefa que como eu disse, não é fácil, mas é um ótimo exercício.

Veja aqui brevemente sobre cada um dos vinhos e a minha recomendação. Se puder, faça também esse exercício.

O primeiro provado foi o Château Jalousie 2009, de Jean Baptiste Audy (Pomerol), que tem 70% Merlot, 19% Cabernet Franc, 11% Cabernet Sauvignon. Corpo leve, toques de cereja e leve terroso. Seus 14% de álcool apareceram no nariz e na boca. Não é um vinho muito expressivo, mas que deve acompanhar muito bem comidas e até melhorar com elas. Depois de um tempo em taça, evoluiu para toques de caramelo e fumo.

Provamos depois o Château Peyruchet Rouge 2009, que tem 70% Merlot, 15% Cabernet Sauvignon e 15% Cabernet Franc. Gostei da acidez desse vinho e também dos aromas, que se abriram depois de um certo tempo. Eu e mais alguns achamos que ele estava um pouco fechado, mas depois de certo tempo em taça ele começou a se abrir. Vale a pena deixar descansar depois de aberto (pode ser no decanter). É um vinho fácil de beber pela sua leveza, apesar dos 13% de álcool (que não aparece).

O Château Bel Air Bordeaux Supérieur 2009 também foi provado. Esse também é feito pelo Jean Baptiste Audy, que é um dos maiores comerciantes de vinho do mundo. Feito com 50% Merlot, 25% Cabernet Sauvignon, 25% Cabernet Franc, apresentou aromas herbáceos, boa acidez e taninos bem presentes, denotando a sua jovialidade. É um vinho gastronômico, ou seja, se acompanhar uma boa comida, vai ficar ainda melhor.

O Château Sauman 2009 apresentou aromas de madeira seca muito presentes. É muito melhor na boca do que no nariz. Tem seus aromas, mas quando bebido mostra-se com taninos finos e muito bem trabalhado. Surpreendeu, mas também acho que precisa de mais tempo. É feito com 90% Merlot, 10% Cabernet Sauvignon.

E por último (e meu preferido), provamos o Château Haut Pommaréde 2009. Esse tem Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Malbec na composição (não sabemos os percentuais). Aromas de frutas negras mescladas com vermelhas, toques de evolução como chocolate e caramelo e um leve café. Faltou um pouco de corpo e sobrou um pouco de acidez, mas acho que é porque é muito novo. Esse vinho, com alguns anos, vai ficar muito bom.

Com isso pudemos ter uma idéia da qualidade da safra de 2009 em Bordeaux, que realmente me pareceu muito boa e promissora. Vale a pena ficar de olho nos vinhos que aparecerem no mercado e comprar, tanto para beber agora quanto para guardar um pouco.

Um abraço

Daniel Perches


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